Esclarecimento
Certamente você sabe que, sob o rótulo linguagem, cabem muitos assuntos: a problemática do certo e do errado; estudo da estrutura da língua; análise das ideias de um discurso e também, naturalmente, observações sobre literatura, a expressão mais bem acabada da linguagem. É sobre um texto literário que trataremos neste espaço, focalizando a figura de François Rabelais, um escritor do Renascimento francês.
Rabelais nasceu em 1494 e morreu, provavelmente, em 1551. Foi médico, mas passou para a história como um autor polêmico, perseguido por causa de suas convicções.
Ainda que haja outras, os estudiosos destacam duas de suas obras: Pantagruel (1532) e Gargantua (1534) (pronuncie a última palavra como se fosse oxítona). Uma história completa a outra, pois Pantugruel é filho de Gargantua, embora – como se pode perceber pelas datas registradas acima, Pantagruel – que trata do filho – foi escrita antes de Gargantua – que trata do pai.
Um pouco da história de Gargantua
O protagonista era um gigante, filho de Grandgousier e de Gargamelle e, como seu pai, dono de um grande apetite e de uma força descomunal. O pai queria muito bem ao filho e preocupou-se em dar-lhe boas condições de vida, nelas inclusa uma boa educação. O jovem era esforçado, empenhava-se nas tarefas, mas a orientação que recebia, calcada nos modelos medievais, passou a ser criticada por outros educadores por ser muito teórica, pouco condizente com a vida prática.
Grandgousier resolveu, então, substituir o mestre a quem a formação de Gargantua estava entregue, colocando, em seu lugar, outro mais sintonizado com as tendências do momento, marcado por um pensamento de caráter humanista, que começava a se firmar na Europa da época.
Em vista disso, o jovem se transferiu para Paris e deu início a sua nova vida de estudante. Entretanto, como o reino do pai foi invadido, voltou à terra natal para combater o inimigo.
Algumas palavras sobre a obra
A organização do livro é bastante simples e o enredo, linear: trata do nascimento, da infância, dos estudos da personagem que, já adulta, participa da guerra contra Picrochole, o invasor. A narrativa – que, por vezes, faz uso de termos chulos - apresenta aspectos cômicos, que tangenciam o pastiche, mas não é difícil perceber que o propósito de Rabelais vai além de despertar o riso: a obra constitui uma tomada de posição diante de assuntos relevantes não só para a época, como também para a história do homem já que reflete sobre questões relativas à educação das crianças; às táticas de guerra; às relações entre vencedores e vencidos; ao comportamento do clero; às superstições religiosas.
Concluindo
Os textos de Rabelais requerem análise cuidadosa e já mereceram muitas páginas de estudo. O que se registra aqui são, pois, comentários excessivamente rápidos sobre Gargantua.Eles visaram apenas chamar a atenção para esse pensador do século XVI e, em particular, estimular a leitura de suas obras.
Se você quiser saber mais
Consulte o livro de André LAGARDE e Laurent MICHARD: Les grands auteurs. XVIème siécle. France: Editions Bordas. 2014.
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