Semiótica
é um termo de origem grega cuja raiz semeion
quer dizer signo. Ela é, pois, a ciência dos signos ou a ciência
geral de todas as linguagens. A linguística, que estuda com olhar científico as
línguas humanas, por apresentar um campo de estudo mais específico, seria um
hipônimo da semiótica, isto é, seria hierarquicamente subordinada a ela.
Assim
como muitos outros, os estudos semióticos vêm de longa data. Nöth1
localiza na medicina a referência mais antiga a eles. Segundo esse semioticista
alemão, a anamnese, ou o estudo da
história médica do paciente; a diagnóstica,
que focaliza os sintomas recentes da doença e a prognóstica, o tratamento das projeções de como se desenvolverão as
patologias, foram campos da medicina influenciados pela ciência dos signos. Atualmente,
nessa área, a sintomatologia é confundida com a semiótica.
Nöth distingue dois tempos na história
da ciência: o que ele chama de avant la
lettre, que diz respeito aos trabalhos dos precursores da ciência. Equivalem
à época da filosofia greco-latina em que se tratava de temas de interesse da
semiótica. Citem-se, como interessados no assunto, Platão, Aristóteles, os
estóicos, os epicuristas, Santo Agostinho.
Na Idade Média, é proeminente o nome
de São Tomás de Aquino. Na época
medieval e renascentista, criaram-se
modelos ambiciosos, que visavam à interpretação de todo o mundo natural
Um pensamento curioso surgiu entre os
séculos XV e XVI graças à figura de Paracelso, o pseudônimo de um cientista suíço-alemão
(ele era médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista). Viveu de 1493 a
1541 e criou a chamada doutrina das
assinaturas, que procurava estruturar um sistema de códigos com o objetivo
de interpretar os signos naturais.
Para ele, Deus não é o único autor
das mensagens do mundo. Ele tem a companhia de três outros autores: o ser
humano, um princípio interior de desenvolvimento e as estrelas e / ou planetas.
Os traços deixados no mundo por esses emitentes recebem o nome de assinaturas
– daí o nome da doutrina. Essas assinaturas podem se manifestar tanto no corpo
humano e, nesse caso, são estudadas pela quiromancia; como na terra, campo da geomancia;
ou no fogo, assinaturas abordadas pela piromancia; ou na água, focalizadas pela
hidromancia; ou nos astros, área da astrologia.
Nöth
designa o outro período da história como o da semiótica propriamente dita.
Floresce nos séculos XVII e XVIII e é influenciada pelo racionalismo. Muitos
dos modelos da época se desenvolveram na abadia de Port-Royal, que tem em
Descartes sua figura de grande destaque.
Foi,
entretanto, no século XVII, ao publicar a obra Essay on human understanding,
que John Locke postulou uma teoria dos signos, dando início ao pensamento
semiótico que influenciaria a modernidade. Para esse estudioso, cujas propostas não são mais aceitas pelo
pensamento contemporâneo, as ideias são signos que representam as coisas na
mente do sujeito e as palavras, por sua vez, representam as ideias.
No século XVIII, Lambert cunha o
termo semiotik – que por vezes se
digladia com a palavra semiologia - ao abordar os sistemas sígnicos, em que
reconhece subsistemas: as notas musicais, os gestos, os hieróglifos, os signos químicos, os
astrológicos, os heráldicos, os sociais e os naturais. A grande contribuição de
Lambert, entretanto, está associada ao caminho que ele abriu para a criação de uma
linguagem científica e universal.
No
século XX, outros nome se destacaram nos estudos semióticos Entre eles,
citem-se Fichte, Novalis, Hegel, Humboldt, Umberto Eco e, de forma especial, Pierce,
para a semiótica norte-americana, e Greimas, para a europeia.
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1 NÖTH,
Winfried. 1998. Panorama da semiótica. De Platão a Peirce. São Paulo:
Annablume.
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