sábado, 26 de julho de 2014

Introdução à Semiótica

          Semiótica é um termo de origem grega cuja raiz semeion quer dizer signo. Ela é, pois, a ciência dos signos ou a ciência geral de todas as linguagens. A linguística, que estuda com olhar científico as línguas humanas, por apresentar um campo de estudo mais específico, seria um hipônimo da semiótica, isto é, seria hierarquicamente subordinada a ela.

Assim como muitos outros, os estudos semióticos vêm de longa data. Nöth1 localiza na medicina a referência mais antiga a eles. Segundo esse semioticista alemão, a anamnese, ou o estudo da história médica do paciente; a diagnóstica, que focaliza os sintomas recentes da doença e a prognóstica, o tratamento das projeções de como se desenvolverão as patologias, foram campos da medicina influenciados pela ciência dos signos. Atualmente, nessa área, a sintomatologia é confundida com a semiótica.

Nöth distingue dois tempos na história da ciência: o que ele chama de avant la lettre, que diz respeito aos trabalhos dos precursores da ciência. Equivalem à época da filosofia greco-latina em que se tratava de temas de interesse da semiótica. Citem-se, como interessados no assunto, Platão, Aristóteles, os estóicos, os epicuristas, Santo Agostinho.

Na Idade Média, é proeminente o nome de São Tomás de Aquino.  Na época medieval e renascentista, criaram-se modelos ambiciosos, que visavam à interpretação de todo o mundo natural

Um pensamento curioso surgiu entre os séculos XV e XVI graças à figura de Paracelso, o pseudônimo de um cientista suíço-alemão (ele era médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista). Viveu de 1493 a 1541 e criou a chamada doutrina das assinaturas, que procurava estruturar um sistema de códigos com o objetivo de interpretar os signos naturais.

Para ele, Deus não é o único autor das mensagens do mundo. Ele tem a companhia de três outros autores: o ser humano, um princípio interior de desenvolvimento e as estrelas e / ou planetas. Os traços deixados no mundo por esses emitentes recebem o nome de assinaturas – daí o nome da doutrina. Essas assinaturas podem se manifestar tanto no corpo humano e, nesse caso, são estudadas pela quiromancia; como na terra, campo da geomancia; ou no fogo, assinaturas abordadas pela piromancia; ou na água, focalizadas pela hidromancia; ou nos astros, área da astrologia.

Nöth designa o outro período da história como o da semiótica propriamente dita. Floresce nos séculos XVII e XVIII e é influenciada pelo racionalismo. Muitos dos modelos da época se desenvolveram na abadia de Port-Royal, que tem em Descartes sua figura de grande destaque.

Foi, entretanto, no século XVII, ao publicar a obra Essay on human understanding, que John Locke postulou uma teoria dos signos, dando início ao pensamento semiótico que influenciaria a modernidade. Para esse estudioso, cujas propostas não são mais aceitas pelo pensamento contemporâneo, as ideias são signos que representam as coisas na mente do sujeito e as palavras, por sua vez, representam as ideias.

No século XVIII, Lambert cunha o termo semiotik – que por vezes se digladia com a palavra semiologia - ao abordar os sistemas sígnicos, em que reconhece subsistemas: as notas musicais, os gestos, os hieróglifos, os signos químicos, os astrológicos, os heráldicos, os sociais e os naturais. A grande contribuição de Lambert, entretanto, está associada ao caminho que ele abriu para a criação de uma linguagem científica e universal.

No século XX, outros nome se destacaram nos estudos semióticos Entre eles, citem-se Fichte, Novalis, Hegel, Humboldt, Umberto Eco e, de forma especial, Pierce, para a semiótica norte-americana, e Greimas, para a europeia.
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1 NÖTH, Winfried. 1998. Panorama da semiótica. De Platão a Peirce. São Paulo: Annablume.


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